Shangri-lá
LIVRO ARRAIAL DO CABO –
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Por Wilnes Martins Pereira
Shangri-lá
Uma das histórias mais tristes ocorridas em Arraial do Cabo foi, sem dúvida alguma, o bombardeio ao Shangri-lá. Muitas versões sobre o ocorrido foram citadas ao longo do tempo, porém, a explicação mais convincente, segundo pesquisa realizada em arquivos oficiais, é esta, contada aqui em poucas linhas.
O barco São Martinho, também denominado Shangri- lá, tripulado por dez pescadores, deixou o porto de Arraial do Cabo em uma tarde de junho de 1943.
Navegando em direção leste-oeste, por fora do Farol do Cabo, o São Martinho varria algumas milhas a procura de bons cardumes. Aquela tarde prenunciava excelente pescaria; teoria sábia dos mareantes da Praia dos Anjos devido à pigmentação da água e correntes fracas que corriam em direção sul.
Existem coisas que só o céu e o mar podem explicar…E o homem do mar aprende certos mistérios por costume, profissão e também, é claro, com a mãe natureza.
O mundo estava em guerra e a Marinha do Brasil provia algumas embarcações com rádio transmissor e um livro ilustrado com bandeiras de todos os países; a ordem era para Slot Gacor 2022 embarcação, navio ou avião de guerra estrangeiro, visto em águas ou espaço do território brasileiro, emitir, de imediato, mensagem para terra, em uma das frequências que o aparelho dispunha.
Certa noite, por volta de vinte e uma horas, surgiu, como por encanto, um barco de guerra que os tripulantes do Shangri-lá não sabiam distinguir sua nacionalidade. Era um submarino alemão identificado com as iniciais U-199, considerado o maior e mais moderno navio de guerra da frota de Hitler – “informações contidas nos anais da segunda grande guerra, segundo relatos da Marinha”.
O barco de pesca semi-iluminado por um candeio era assediado pelo submarino que fazia várias manobras com um canhão de 105 mm apontado em sua direção. Era o que se podia chamar de um mero exercício de tiro ao alvo para testar o poder bélico dessa poderosa arma.
O mestre do Shangri-lá impelido pelo desespero, apagou a lanterna e deixou o pequeno barco no escuro. O comandante alemão Hans Kraus, em poder das coordenadas de ataque, deu volta e meia e, contra o bombordo do pesqueiro, autorizou os disparos de sete tiros de canhão, destruindo por completo, o indefeso barco de pesca.
Após os disparos, nenhum gemido humano foi Slot Gacor Terpercaya naquele ponto do mar. A marejada, em murmúrio sepulcral, denunciava o repouso daqueles bravos pescadores em sua morada eterna.
As claras águas do mar, por razões maternais, não devolveram os corpos de seus filhos, porém, restos do pesqueiro boiaram e seguiram trajetória diferentes; uma grande porção dos destroços rumou para o alto mar, e outra fração devolvida as praias de Arraial do Cabo.
Recentemente, o que se tem conhecimento desse episódio, após seus setenta anos, foi o anúncio feito pela Marinha do Brasil cientificando que seu Egrégio Tribunal Marítimo reconhecer tal fato e condecorou, através de uma placa no Monumento Nacional dos Mortos da II Guerra Mundial, os nomes dos dez pescadores tidos, também, como HERÓIS DE GUERRA.
Wilnes Martins Pereira
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