Carta à Narcísio Lopes
Os poemas de Cecílio Barros podem ser vistos através da
sua veia poética que o leva a uma perfeita construção na
arte rimada, onde a figura da ludicidade interage de
modo singular com a metáfora.
Não seria exagero, por outro lado, comparar a obra
desse brilhante imortal com o que de melhor foi feito
pelos grandes mestres cordelistas. Um grande exemplo
de valor absoluto aparece no poema “CARTA A NARCISO
LOPES” quando o poeta recebeu uma carta em que o
advogado da Prefeitura de Cabo Frio Ihe cobrava grande
soma de IPTU em atraso. De imediato, Cecílio pede a
intercessão de um amigo no alívio de tal cobrança
através de uma carta poema.
Wilnes Martins Pereira
Carta a Narciso Lopes
Amigo Narciso
Preste-me atenção
Chegou a ocasião
De eu ser preciso
Seu ar de riso
Para mim tem sido
Não estou esquecido
Das suas promessas
Numa hora dessas
Quero ser servido.
Eu fui apertado
Pela Prefeitura
A cana está dura
Me vejo entralhado
Com o advogado
Eo executivo
Porém estou vivo
E não posso pagar
Me ponho a pensar
Fico pensativo.
Peço ao amigo
Que me dê um jeito
Falar com o prefeito
Assim como digo
Não tenho abrigo
Nem luz no lugar
E o meu pensar
É um triste viver
Sem dinheiro ter
Como vou pagar?
Moro distante
Num lugar retirado
De mato cercado
O quanto e bastante
Não sou comandante
Nem dono de engenho
Malmente só tenho
A vida e saúde
Pagar nunca pude
Por isso me empenho
Cecílio Barros Pessoa
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