A lenda do Bicho Mamã

As lendas que circulavam em volta de Arraial do Cabo
pasmavam àqueles que temiam os segredos das
sombras e as armadilhas da natureza.

Conta a história ou
a lenda que, um filho revoltado com a mãe por ela ter
dado de beber e comer a seu animal sem que ele
permitisse, colocou-lhe cela e cavalgou em seu dorso até
que ela caísse de cansada.
Ao solo e com pouca respiração, sua genitora Ihe impôs
uma maldição que duraria por toda a sua vida. Seu filho
se tornaria um bicho de qualquer espécie e
perambularia por toda a terra a pedir piedade e sempre
a gritar, sem parar, o nome de “mamããããã”.
Cecílio Barros interpreta bem esse encantamento, e o
poema “A LENDA DO BICHO MAMÔ ficou entranhada
na cultura do povo de Arraial do Cabo.
Wilnes Martins Pereira

 

A LENDA DO BICHO MAMÃ

Muita gente já tem visto
No Cabo o Bicho mamã
E espécie de um carneiro
Seu corpo coberto de lã.

É o bicho antigo do Baixo
Que comia camarão
Passava ele um vidão
E a noite andava no facho
Não se sabe se ele é macho
Confunde a gente por isso
Se eu ver eu não resisto
Saio logo disparado
E até mesmo ele deitado
Muita gente já tem visto.

A noite ele se atropela
No latir da cachorrada
Vai até a madrugada
E esse alarido não cessa
Eu vi numa noite dessa
Perto da casa de Chã
Comendo maracanã
E a ele tudo apetece
Constantemente aparece
No Cabo o Bicho Mamã.

Ele é comprido e varado
Quando às vezes dá um berro
Estremece até um ferro
Que esteja bem fincado
Esse bicho é encantado
Se transforma num bezerro
Às vezes num gato primeiro
Ou mesmo em qualquer visão
Nica deu informação
Que é espécie de carneiro.

Foi um filho malcriado
Que na mãe botou a cela
Recebendo a praga dela
Porém, ficou encantado,
Foi logo amaldiçoado
Pela mãe e sua irmã
Desencanta de manhã
Para cumprir o seu fado
Ele é cumprido e varado
Seu corpo coberto de lã.

Cecílio Barros Pessoa