Entrevista com seu Damião Teixeira e suas histórias

HISTÓRIA DO PASSADO
POR REINALDO MARTINS FIALHO
A entrevista foi em 1º de setembro de 1987

Entrevista com seu Damião Teixeira e suas histórias

Entrevista com Damião Teixeira, ministro da Igreja Católica Nossa Senhora dos Remédios na Praia dos Anjos, no Arraial do Cabo, e cozinheiro do Dr. Raymundo de Castro Maya (antigo dono da Casa da Piedra)

Início da entrevista, pergunta:
Damião, em que ano você nasceu?
Ele respondeu-me, foi no dia 28 de fevereiro de 1900 e tenho 87 anos.
Disse ainda, ministro da Igreja Católica de Nossa Senhora dos Remédios, desde jovem sou empregado do Dr. Raymundo Ottoni de Castro Maya como cozinheiro.
Perguntei quem foram os seus antecedentes.

Resposta: O meu avô era o português Joaquim Plácido Mesquita, natural da Ilha Terceira, dos Açores, Portugal.
Minha avó era Maria Rita Plácido Mesquita, também dos Açores, Portugal.
Minha mãe era Floripa Rita de Mesquita que morreu quando tinha 36 anos de idade.

Também tinha seus irmãos, José Plácido Mesquita e José da Penha Mesquita.
Eles eram fabricantes de vinhos em Portugal, slot gacor gampang menang vieram fugidos da Ilha Terceira em um navio que vinha para o Brasil, por causa de mudanças políticas.
O governo português vencedor passou a perseguir a todos aqueles que foram contra.

Os bens imóveis eram sequestrados, prenderam e fuzilaram muita gente, o povo vivia faminto, sem nada para comer, e procuravam comida no lixo. Com eles vieram 38 – famílias – fugitivos.

O navio aportou no Arraial do Cabo, que era o Cabo Frio, denominado por Américo Vespúcio e também o Roteiro da Costa do Ministério da Marinha do Brasil.

Os meus avós escolheram Arraial do Cabo para viverem. Ainda mais que era uma possessão portuguesa.

No local onde tem o cemitério era um casebre de pau-a-pique, no centro de grande terreno e eles compraram, e até foram morar.

Floripa casou com Manoel de Deus Teixeira, o ‘Caçota’ que era de descendência portuguesa. Aqui no Arraial do Cabo, aportava muitos navios de diversas nacionalidades.

Entre eles os portugueses, franceses, holandeses, espanhóis…

Minha avó Maria Rita dizia que eu, Damião Teixeira, não era filho de Manuel de Deus Teixeira, que minha mãe Floripa, ficara grávida de um inglês. Disse que quando ele, Damião, nasceu, os ingleses quiseram levá-lo mas a mãe e os avós não permitiram.

O senhor Manuel de Deus Teixeira, o Caçota, que casou com sua mãe Floripa, aceitou a registrar Damião em seu nome. O único que foi filho de Caçota, foi – Mião – José Teixeira, que morreu afogado no barco Hildebrando de Góes, quando subiu em cima de uma laje, na ilha em Saquarema.

O barco era de Jujú filho de Aprígio Barreto e Julia Barreto. Zé Caçota não sabia nadar e quando afundou pela última vez que veio à tona, desceu, dando adeus aos companheiros náufragos. Jujú, o mestre da embarcação estava se afogando e foi salvo por João Victório Barreto, o João Bagunça. Este último trecho de Zé Caçota foi informado por João Bagunça:

O barco Hildebrando de Góes, de Jujú, era traineira e havia comprado uma grande carga de enchovas na Praia Grande, estava carregado de peixes frescos, que ainda batalhava, quando transportada da Praia Grande para a Praia do Anjo, onde estava o barco.

Ele, Jujú, conseguiu o gelo para resfriar o peixe. Consta que entre o Arraial do Cabo e o Mercado de Peixe do Rio de Janeiro, eram 62 milhas. Deslocando 6 milhas por hora, dependiam das águas correndo para o sul ou para leste, e tinham outros imprevistos.

Na costa tinha muito peixe e eles colocaram uns três corricos na água e foram pescando. Ao chegar próximo da laje em Saquarema, estado do Rio de Janeiro, encontraram um grande cardume de pitangola. Peixes entre 50 e 60 quilos. Começaram todos a pescar os pitangolas. Ficaram tão entusiasmados, que descuidaram do governo do barco e este bateu na pedra e foi para o fundo. Morrendo Zé Caçota, que não sabia nadar.

Jujú, que era o dono do barco e o comandante, que chamamos de Mestre, quase morreu também porque não sabia nadar. Salvou-se do afogamento graças a um de tripulante com o apelido de João Bagunça conforme citado.

Reinaldo Martins Fialho
Reinaldo Martins Fialho – Acervo de Família