Gordo Simas

As poesias de Cecílio Barros pressupõem histórias de
reais acontecimentos na antiga aldeia cabista. O poema
GORDO SIMAS é um desses casos.O poeta ao sentir-se
incomodado com a chegada do intruso fica perplexo em
ver sua solidão e tranquilidade importunadas com a
presença, inclusive, de aves e animais domésticos
trazidos pelo novo vizinho. O desespero parecia não ter
fim, e aquele alvoroço era tudo quanto não queria.
A pureza do pensamento do poeta é visível na trajetória
que marca o clima da narrativa quanto ao
desenvolvimento e perfeição retórica existente no
princípio, meio e fim do poema.
Wilnes Martins Pereira

 

Gordo Simas

Eu vivia tão contente
Naquele lugar deserto
Chegou um vizinho perto
Já não estou mais satisfeito
Agora não há mais jeito
Com os pintos no terreiro
Me aborrece o dia inteiro
Tem me feito comer brasa
Todo o dia lá em casa
É um grande desespero.

Com peru, marreco e pato
Não há quem possa viver
Eu tenho visto correr
O cachorro atrás do gato
Apesar que eu não maltrato
A criação da vizinha
Estando em minha cozinha
Eu sou obrigado a espantar
Não há quem possa aturar
Cachorro, gato e galinha.

Tem um porco endiabrado
Que Gordo Simas comprou
Duas panelas quebrou
Comeu um peixe salgado
O quintal vive fuçado
Pelo porco canastrinho
Que se junta com galinha
E uma perua sapeca
Vai levando tudo à breca
Quando eu entro na cozinha.

Cecílio Barros Pessoa