A cobra da ilha

LIVRO ARRAIAL DO CABO –
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Por Wilnes Martins Pereira

A cobra da ilha

Era uma cobra de tamanho jamais visto. Os faroleiros, homens destemidos e acostumados com os perigos da ilha, simplesmente ignoravam-na quando a via. A enorme serpente percorria toda ilha, desde o Farol Novo, a Ponta de Leste, à procura de alimento, o que existia em abundância naquele lindo lugar. Havia, inclusive, um rebanho caprino de propriedade de um servidor da Marinha. Esse rebanho foi-se extinguindo motivado por ataque constante da serpente que se servia das cabras como alimento.

Um pescador, certo dia, quando caminhava pelo Quartel, viu a cobra passar. Ao se deparar com seu tamanho de forma descomunal e diâmetro que mais assemelhava a um poste, teve sensação de arrepio e o medo tomou conta de si.

Costumava-se dizer em Arraial do Cabo que essa cobra atacava somente animais para se alimentar, não havia registro de ataques a seres humanos.

No Maramutá, Moço, pescador e vigia da canoa Princesa, estava em cima de uma árvore olhando o mar, bem próximo aos baixios, e acompanhava a evolução de vários cardumes que passavam naquela enseada, quando deu um imenso grito de desespero e caiu de uma grande árvore e rolou morro abaixo por sobre uma vegetação espinhosa.

Já em casa, após ser medicado, Moço falou que sua queda se deu devido à presença da cobra gigante que a seu lado o fitava com intenção de atacá-lo. Parecia uma naja, disse ele, e jurava que era ela, A Cobra da Ilha.
Wilnes Martins Pereira