Causo do cabista raptado por ingleses – parente de Faustino Barreto
HISTÓRIA DO PASSADO
POR REINALDO MARTINS FIALHO
CONTADO POR MEU PAI ANTÔNIO MARTINS FIALHO
Causo do cabista raptado por ingleses – parente de Faustino Barreto
Nas proximidades dos anos 1900, o sr. Faustino Barreto era zelador da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, na Praia dos Anjos, bairro do atual munícipio de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Ele tinha um parente que lhe ajudava na limpeza da igreja, varrendo e limpando a poeira.
Naqueles tempos aportavam na enseada dos Anjos, muitos navios de nacionalidades diversas, como sejam portugueses, ingleses, franceses e holandeses como são citados nas histórias, inclusive navios piratas.
Eu, Reinaldo Martins Fialho, ainda presenciei durante anos, antes e depois de 1940 uma parte da esquadra inglesa composta de seis ou mais navios ancorarem na Enseada da Praia dos Anjos e Enseada da Praia do Forno, no atual município de Arraial do Cabo, que na época era o quarto distrito do município de Cabo Frio.
O povo de Arraial do Cabo que aqui vivia antes de 1940, viviam amedrontados, porque eles faziam muitas maldades com os moradores e não tinham a quem reclamar. Mesmo porque os transportes e conduções eram muito difíceis e raros, e mesmo as providências nunca eram feitas.
O parente de seu Faustino, que não sei o seu nome, mas vamos chamar pelo pseudônimo de Chiquinho para melhor esclarecimento da história.
Chiquinho Barreto, fez antecipadamente um buraco próximo da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, e próximo do caminho, onde passavam os navegantes, que vinham com seus escaleres até na praia, ou aqueles que vinham da Praia do Forno. Quando Chiquinho Barreto via qualquer movimento de chegada de algum navio na Enseada da Praia dos Anjos, ele corria para se esconder no buraco, e dalí observava todo o movimento, e também de quem passava nas proximidades.
A noite escura, dificultava a visão do buraco, por alguém que passasse próximo.
Um certo dia, chegou um navio veleiro na Enseada dos Anjos. Chiquinho Barreto correu para dentro do buraco, afim de melhor espreitar o movimento.
Havia anoitecido, quando ele viu na escuridão da noite vultos, que vinham conversando, e se aproximavam.
Procurou a não fazer barulho, para não ser descoberto, porém um do grupo falou umas palavras que ele não entendeu, e apontou para o buraco.
Eles se encaminharam até aquele local e viram que era um homem. Era o parente de Faustino Barreto. O Chiquinho.
Puxaram Chiquinho pelo braço, levaram para bordo do veleiro e o amarraram com cordas. O veleiro deixou o porto, e levou Chiquinho. Quando já estavam em alto mar, eles desamarraram o rapaz, e incluíram nos serviços de bordo do veleiro. Chegaram na Inglaterra, e ele continuou trabalhando no navio, fazendo viagens para muitos lugares, e fazia serviços perigosos, entre outros o de subir nos mastros do navio em alto mar, e com tempestades, para desenroscar velas.
Um dia o veleiro chegou no Arraial do Cabo, e já faziam quatro anos que ele tinha sido levado pelos ingleses.
Os ingleses ainda o procuraram em vão. Quando o veleiro foi embora Chiquinho Barreto apareceu.
Ele ficou quatro anos afastado do Arraial do Cabo, e os moradores já tinham ele como morto.
Quando ele chegou da Inglaterra, torrava a folha de canema no fogo, e comia com manteiga. Dizia que na Inglaterra o povo usava a comer aquilo.
Reinaldo Martins Fialho – Acervo de Família
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