A lenda do lobisomem Chaco
LIVRO ARRAIAL DO CABO –
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Por Wilnes Martins Pereira
A lenda do lobisomem Chaco
Um som estridente, em tom de uivo, ganhou situs judi slot terbaik dan terpercaya no 1 o espaço em uma noite enluarada de sexta-feira. Com olhos arregalados, os moradores viam a lua cheia alumiar o céu do pequeno Arraial do Cabo, e tão logo o anúncio era feito: – É noite de lobisomem!
Aquele horrendo uivo logo estaria mais próximo, e os pescadores que se encontravam na rua corriam para suas casas fugindo da sina de um homem que se transformava em animal. No dia de sua aparição, os nativos só saiam para a pesca quando a madrugada desaparecia e o encanto do lobisomem acabava. Assim vivia essa comunidade com as aparições e seus pesadelos.
Diz a história, ou a lenda, que Chaco apareceu na Praia Grande e juntou-se aos pescadores para ajudar nos lances de peixes. Todos ficaram preocupados porque, naquele momento, a lua cheia surgia com imenso clarão, e a fama desse ajudante era conhecida como homem lobo.
A primeira puxada de rede foi feita com fartura. A quantidade de peixes capturados animava os homens do mar que rapidamente colocava a rede na canoa para nova investida.
De súbito, esqueceram de vigiar aquele ajudante suspeito. Quando o dia clareou, reapareceu Chaco com o rosto sujo de tripas de bonito, espécie capturada em abundância nesse dia. O Mestre da canoa teve a curiosidade de conferir os montes, e, em um deles, exatamente no lado que mais sombreava, vários peixes tinham sido dilacerados.
A crendice vulgar diz que, quem o ferir, desencanta-o, e quem contar-lhe tal segredo é morto a dentadas por ele.
Um senhor chamado seu Teixeira, dotado de muita coragem, encontrou Chaco totalmente embriagado e lhe contou seu segredo. Apontou-o como lobisomem de Arraial do Cabo e que tinha certeza disso. Chaco, mesmo alcoolizado, fitou-o com execração. Via-se espuma raiventa verter de sua boca.
Tempo depois, Chaco pensando que seu Teixeira havia esquecido o que tinha revelado, marcou uma pescaria no Costão da Praia Grande e combinou local e hora, porém, sem companhia. Seu Teixeira aceitou o convite, mas, prejulgando a proposta, confeccionou um boneco de pano e encheu-o com palha e melão. Colocou-o no ponto combinado e escondeu-se atrás de uma rocha a fim de ver o resultado.
Não demorou muito e chegou o homem lobo, totalmente transformado, e estraçalhou, com seus dentes afiados, todo o boneco empalhado.
No dia seguinte, eram visíveis os fiapos de tecidos coloridos por toda a arcada dentária de Chaco.
Wilnes Martins Pereira
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